terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Serra da Estrela





Saudações portuenses!

Passamos o último final de semana em um dos lugares mais bonitos de Portugal, a Serra da Estrela. Em particular no inverno o cenário é sensacional! Escolhemos a serra para comemorar o nosso aniversário de casamento e, posso garantir, que não podíamos ter escolhido lugar mais romântico.

Tínhamos planejado viajar de trem até Covilhã, cidade considerada a porta da Serra da Estrela, que está localizada a cerca de 20 km do ponto mais alto da serra. Mas reconsideramos e resolvemos ir de ônibus (auto-carro) até Covilhã. Nesse caso, foi mais barato e mais confortável já que, de trem, precisaríamos trocar de trem em dois pontos. De Covilhã até o nosso hotel (Hotel Serra da Estrela) fomos de táxi, cerca de 20 minutos (15 euros). O hotel localiza-se a 1500m (a mesma altitude da Serra do Rio do Rastro em SC) e o topo da serra tem por volta de 2000m. O percurso de táxi de Covilhã, subindo a serra, rumo ao hotel foi indescritível. A paisagem modificou-se diante de nós e a cada nova curva o verde da paisagem dava lugar ao branco. Ficamos extasiados quando nos aproximamos do hotel, a neve caia intensa, o local estava todo branco, o frio congelante, foi demais!

A previsão era neve durante todo o dia e a noite, com temperatura máxima de 6 graus negativos. Para nossa alegria as previsões se confirmaram. Nevou muito e aproveitamos para nos divertirmos ao máximo. Como já disse, aqui mesmo no blog, para nós brasileiros esse é, definitivamente, um momento inesquecível. A noite chegou, o frio ficou mais intenso e a neve continuava a cair. O hotel é muito agradável e aconchegante. O nosso quarto tinha uma vista privilegiada e ficamos durante um bom tempo, no conforto do nosso quarto, apreciando a neve cair. Mais tarde, nos preparamos para o nosso jantar, onde celebramos o nosso aniversário de casamento. O restaurante do hotel era muito acolhedor e a decoração muito bonita. Escolhemos uma mesa junto a janela, que já tinha o parapeito todo branquinho, para curtir o visual lá fora. Bem, foi apreciar o bom vinho, a boa comida, a minha bela esposa e comemorarmos mais um ano juntos. Um ano especial!

A neve não deu trégua durante toda a noite e, como não podia ser diferente, no dia seguinte a paisagem ficou mais incrível ainda. Os carros quase cobertos por completo, impossível saber onde começavam as ruas, os telhados todos brancos, enfim, ficou demais! Com essa neve toda não podíamos deixar de sair para curtir mais uma vez, brincar com os trenôs, fazer boneco de neve, gerrinhas de neve, tirar fotos e contemplar essa maravilha da natureza. Logo a tarde, a neve cessou e o sol apareceu por entre nuvens, revelando o céu azul contrastando com o branco da neve. Ficou mais bonito ainda.

Mais uma vez vivemos momentos inesquecíveis. Momentos que, sem dúvida, ficaram gravados em nossas memórias. Tivemos o prazer de descobrir mais uma parte desse país maravilhoso. E por aqui a vida continua, com chuva ou sem chuva, mas com muito frio! Afinal de contas ainda falta muito para o inverno terminar.

Um forte abraço.

sábado, 17 de janeiro de 2009

Portugal


Saudações lusitanas!

Essa semana as temperaturas subiram por aqui, tivemos temperaturas em torno de 10 graus, já que, na última semana, as temperaturas ficaram em torno de 6 graus. Choveu pouco e o sol predominou. O clima está bem agradável.

Durante essa semana o Jornal da Record exibiu uma série sobre Portugal preparada pelo jornalista Mauro Tagliaferri, ex-Globo e agora correspondente da Record em Lisboa. A Record acabou adiantando-se a Globo que, também, deve fundar um escritório em Portugal e terá como correspondente o jornalista Pedro Bassan. A série abordou aspectos do cotidiano português, a culinária, os avanços tecnológicos, os brasileiros que vivem por cá, entre outros assuntos. Aliás, escrevo hoje, mas ainda amanhã (sábado) irá ao ar a última reportagem da série. E por falar do dia-a-dia em Portugal, peço a permissão para falar um pouco sobre alguns aspectos sócio-econômicos lusitanos. Afinal de contas, já estamos aqui há 9 meses e sinto-me a vontade para falar um pouco sobre esse assunto.

Começo por falar sobre um assunto que interessa-me muito, a tecnologia. E sobre isso o maior avanço, sem dúvida, foi divulgado em setembro. A notícia veio da Universidade Nova de Lisboa, onde a equipe de pesquisa do Centro de Investigação de Materiais produziu, pela primeira vez, transístores com uma camada de papel. Algo que abre um leque de opções para produção de equipamentos eletrônicos mais baratos e muito mais flexíveis. (http://www.unl.pt/nova/investigacao/noticias-inv/transistor-com-papel). Em desenvolvimento de software a empresa Critical Software, de Coimbra, é uma das mais conceituadas, com clientes como a NASA e a Agência Espacial Européia. (http://www.criticalsoftware.com/). Destaque também para o ônibus (por aqui, autocarro) sem motorista, guiado por sensores e totalmente computadorizado, desenvolvido pela Universidade de Coimbra, tendo inclusive protótipos em fase de testes. Na Universidade da Beira Interior (UBI), um aparelho inovador para medir a intensidade da dor, o Algígrafo, já despertou o interesse de vários países europeus. (http://tdias.wordpress.com/2008/12/26/aparelho-criado-na-ubi-regista-intensidade-da-dor/). Essas são algumas das várias conquistas do setor tecnológico em Portugal. A pesquisa acadêmica e na indústria é realmente levada a sério. Para se ter uma idéia, o programa Ciência2008 da Fundação para Ciência e Tecnologia tem uma meta que visa contratar 1000 doutores nas instituições científicas em Portugal, com salário anual de cerca de 44.500 euros.

Na área da saúde, na última quinta-feira, foi realizada uma cirurgia inédita em Portugal, no Hospital São João, aqui no Porto. Um implante de cartilagem das próprias células de um doente, para tratar um defeito na cartilagem de uma articulação. (http://saude.sapo.pt/artigos/noticias_actualidade/ver.html?id=908549). Na série exibida pelo Jornal da Record esse mesmo hospital foi tema de uma reportagem sobre o seu sistema de informação. Desde a consulta até o fornecimento do medicamento na farmácia do hospital o processo todo está informatizado, praticamente não há papéis. O Hospital São João é o hospital universitário da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto. Aliás, a faculdade de Medicina da Universidade do Porto e da Universidade de Coimbra são as mais conceituadas por aqui. Aqui os cursos de medicina só existem nas universidades públicas.

Se falarmos em qualidade de vida, Portugal está entre os 20 países melhores para se viver. Portugal surge logo atraś da Holanda e França e ficando à frente de países como a Alemanha, EUA, Reino Unido, Bélgica e Espanha. Essa informação eu posso confirmar, pelo menos até agora, não tenho do que reclamar. Índices de violência baixíssimos, bons sistemas de educação e saúde, custo de vida baixo em comparação a outros países europeus, clima muito bom e pessoas muito amigáveis.

Em termos econômicos, Portugal, salvando as devidas proporções, apresenta um bom desempenho. A região de Lisboa, por exemplo, possui um PIB per capita superior a média da União Européia. Para se ter uma idéia, o crescimento econômico para o ano passado (2008) está previsto para 1,5 por cento. Parece pouco, mas é importante notar que, em meio a essa crise mundial, a União Européia deverá registrar um crescimento de 1,4 por cento e a Alemanha, uma das maiores potências, prevê um crescimento de 1,7 por cento. Portanto, não é assim tão ruim.

Bem, talvez uma das razões para Portugal apresentar aspectos tão positivos seja o seu interesse pela cultura e a informação. Foram vendidos 530 milhões de euros em livros no ano 2006, importaram-se 62 milhões de euros de livros no mesmo ano, editam-se em Portugal mais de 15 mil títulos por ano (41 livros por dia!). E esses números tem aumentado. Inclusive no final do ano, a notícia por aqui era que, um dos únicos setores que não apresentaram qualquer perda, em plena crise, foi justamente as livrarias. O livro, por aqui, ainda é um dos artigos mais procurados.

Um grande abraço e um ótimo final de semana.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Porto X Lisboa




Saudações portuenses!

Essa semana as temperaturas caíram muito por aqui, aliás em toda a Europa. Os jornais desde segunda-feira noticiam a tal "vaga de frio polar" que vem provocando mortes devido as temperaturas negativas em vários países europeus. Na Polônia, onde os termômetros desceram aos 25 graus negativos, morreram sete pessoas. Em Portugal, em algumas regiões do norte e nordeste, as temperaturas também estão negativas entre -4 e -7. Aqui no Porto hoje a temperatura máxima foi 7 graus com mínima de -2. O negócio é se agasalhar muito bem antes de sair de casa, até porque aqui, agora não há férias.

Bem, mas hoje resolvi escrever um pouco sobre as cidades de Lisboa e Porto, ou melhor, sobre algumas de suas particularidades que inevitavelmente causam rivalidades entre seus habitantes. Mas essas rivalidades são saudáveis e bem humoradas, com alguns exageros, é claro, quando o assunto é o futebol. Após algumas semanas aqui no Porto não foi difícil perceber que havia uma certa rixa entre os portuenses e os lisboetas, principalmente entre os adeptos (torcedores) do Futebol Clube do Porto e do Benfica (os conhecidos portistas e benfiquistas). Essa, sem dúvida, a causa das maiores e mais ferrenhas discussões. Mas essa rixa vai além do futebol.

Os portuenses, conhecidos como tripeiros no resto do país, orgulham-se de terem fornecido o nome ao próprio país, devido ao antigo nome da cidade Portucale. Aliás, são chamados de tripeiros, devido ao sacrifício que fizeram durante uma batalha pela conquista de Ceuta (1415) onde teriam oferecido aos expedicionários toda a carne disponível, ficando só com as tripas. Já os lisboetas, os mouros para os portugueses do norte - devido a ocupação árabe em Portugal, que se fez mais presente do centro para o sul do país, durante 800 anos e deixou influências culinárias, na arquitetura, costumes e até no idioma - orgulham-se de ser o centro político e econômico do país.

Os lisboetas acusam os portuenses de trocarem o "v" pelo "b" quando pronunciam as palavras, o que, como pudemos constatar, é uma verdade, sem generalizações é óbvio. Os portuenses dizem que os lisboetas são demasiados sisudos e quando o assunto é simpatia os tripeiros são campeões. Para além dessas pequenas diferenças, há as comparações inevitáveis no campo da gastronomia, arquitetura, cultura, arte, recursos naturais e até entre os Santos da casa (Santo Antônio em Lisboa e São João no Porto).

Apenas para nomear algumas: Há os rios, o Tejo em Lisboa e o Douro no Porto. Há as bebidas e os petiscos, a Ginjinha e os Pastéis de Belém em Lisboa, o Vinho do Porto e a Francesinha no Porto. Há os Palácios da Cultura, o Museu Serralves no Porto e o Centro Cultural de Belém em Lisboa. Há os grandes cafés, o Magestic no Porto e a Brasileira em Lisboa. As grandes livrarias, O Braço de Prata em Lisboa e a Livraria Lello no Porto. Enfim, aqui estão apenas algumas dessas particularidades e comparações que fazem dessas duas cidades lugares imperdíveis e fantásticos. Lugares que, com certeza, devem constar no roteiro de qualquer viajante que se aventure no velho mundo.

Recentemente foi lançado um livro, aqui em Portugal, escrito por dois autores portugueses, António Eça de Queiroz e António Costa Santos, que descreve de forma humorada e muito agradável essas diferenças, cada um defendendo a sua cidade, respectivamente o Porto e Lisboa. O livro, como não podia deixar de ser, tem um título bastante sugestivo: Porto x Lisboa - Uma batalha campal em livro.

E por aqui continuamos bem dispostos e muito felizes.
"Neste país espetacular onde somos mais tripeiros do que mouros" (Uma das frases da dedicatória que a Kenia fez quando presenteou-me com o livro).

Um grande abraço.




sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Paris







Bonne Année pessoal!

É isso mesmo, acabamos de retornar de Paris. Magnifique! Fantastique! Merveilleux! Esses são apenas alguns adjetivos que descrevem a cidade de Paris. Voamos na segunda-feira para Paris e, dessa vez, fomos com a Easyjet, outra empresa aéra low-cost cujo valor da passagem estava mais barato do que a Ryanair e também porque os vôos da Easyjet chegam no aeroporto principal de Paris (Charles de Gaulle) facilitando a locomoção para o centro da cidade. No aeroporto pegamos um trem RER (Réseau Express Régional) que faz conexão com as linhas de metrô de Paris. Levamos cerca de 45 minutos até chegar na estação do metrô de Raspail e voilà, o nosso hotel a 30 metros da estação. Melhor impossível.

Paris nos recebeu com chuva e muito frio, aliás durante toda a semana a temperatura máxima foi de 2 graus. Mas, o dia que parecia perdido devido a chuva nos brindou com um final de tarde surpreendente e inesquecível. A chuva fraca e gelada deu lugar a neve, pequenos flocos de neve criaram uma paisagem magnífica e nós, é claro, ficamos maravilhados. Para nós, habitantes de um país tropical, essa paisagem é sempre fascinante. Terminamos o nosso primeiro dia em grande (como dizem os portugueses). Na manhã seguinte o nosso roteiro era fantástico e estávamos empolgados para começá-lo cedo e assim o fizemos. Manhã fria e cinzenta, típico dia de inverno rigoroso. E lá fomos nós com a deliciosa tarefa de visitar alguns dos mais famosos e conhecidos pontos turísticos do mundo. Optamos por visitar primeiro a Catedral de Notre-Dame e caminhar do hotel até a catedral já valeria a pena ter ido a Paris (Boulevard Raspail, Boulevard Montparnasse e Boulevard Saint-Michel). E ali estava ela uma das mais antigas catedrais francesas em estilo gótico, rodeada pela águas do Rio Sena. Uma enciclopédia da história viva, lugar de coroação de reis e imperadores, beatificações e execuções de templários.

Caminhando pelas margens do Rio Sena a partir da catedral chegamos ao Museu do Louvre, no centro de Paris. Impossível descrever aqui a grandiosidade do Palácio, sua beleza, arquitetura, com a imponente pirâmide de vidro no seu pátio central. A sensação de caminhar pelo Louvre é indescritível e inesquecível. E o que falar da mais famosa avenida do mundo, a Champs-Élysées, onde tivemos o imenso prazer de caminhar, apreciar e sentir o clima parisiense que emana daquele cenário grandioso e envolvente. "Viajamos" realmente pela avenida, foi demais! E no final desse passeio incrível, ainda temos o Arco do Triunfo em uma das extremidades da avenida. É uma mistura de sensações maravilhosas. Ficamos um bom tempo por ali, tirando aquelas fotos obrigatórias e apreciando todo o esplendor do monumento. Bem, não posso e nem tenho como descrever Paris aqui. Mas preciso mencionar o mais famoso símbolo da França, a Torre Eifell. Caramba, outra sensação incrível!

O ponto alto dessa viagem fantástica foi a passagem de ano na Champs-Élysée. Nunca, mas nunca mesmo vou esquecer daquele momento. Um mar de pessoas confraternizando, tomando champagne, desejando feliz ano novo em uma babel de idiomas incrível. A denominação de cidade luz a Paris realmente faz por merecer, principalmente na noite de Reveillon. Logo depois da passagem do ano todos os transportes públicos, metrô, ônibus, linhas dos trens RER e outros permaceram gratuitos até ao meio dia do dia primeiro. Uma iniciativa bastante interessante e que, inclusive, facilitou a nosso roteiro do dia primeiro. Cruzamos literalmente Paris de ponta-a-ponta conhecendo outros grandes pontos maravilhosos utilizando o metrô: La Défense, uma Paris contemporânea e bastante diferente no centro da cidade, a basílica de Sacré-Couer, a catedral de Saint-Louis-des-Invalides com sua cúpula dourada, local onde Napoleão foi sepultado. Enfim, não é possível realmente descrever tudo.

Paris é uma cidade que impressiona, pelos seus monumentos, pela sua grandiosidade histórica, pela beleza das suas avenidas e luzes e pela organização. Foi, sem dúvida, uma viagem inesquecível. Para terminar, apenas uma dica, se for a Paris e utilizar o aeroporto de Beauvais, um aeroporto para empresas low-cost que fica a cerca de 70km de Paris e precisar pagar alguma taxa (bagagem, check-in, etc) pela Ryanair não esqueça de levar o seu cartão de crédito. Optamos por retornar por esse aeroporto (Ryanair) e fiquei surpreso quando precisei pagar 15 euros pelo check-in e a atendente disse-me que não aceitava dinheiro (cash) apenas cartão de crédito. Essa é para francês ver...


Um grande abraço e um excelente ano a todos!